Vinho Confinado

Nesta altura de confinamento já não aguentamos as notícias, já vimos todas as séries da Netflix, a cara-metade parece a dobrar e os putos, além dos berros, lixam o sinal de Wi-Fi. Só aguentamos o cão porque podemos desaparecer de casa com a pequena contrapartida de apanhar cocós. Como atenuar isto tudo? Vinho. Vinho costuma ser a solução para tudo. Tem sede, vinho verde branco. Tem frio, vinho tinto. Tem febre, vinho do Porto. Nódoa de vinho tinto, aplica vinho branco. Vinho é solução para aguentar este momento de clausura, de loucura. Ameniza a dor, lubrifica a alma e adormecemos rapidamente após as refeições. Visto que se vai beber mais com apenas 2/3 do vencimento, partilho convosco algumas dicas na aquisição do líquido paliativo. 

Que tipo de vinho procuramos para nos agradar e/ou para agradar a outra pessoa? Nunca esquecer o grande provérbio marialva das tabernas: “Conquistar alguém com bombons é doce, mas com vinho é canja.” Se procuramos um vinho fácil de beber, menos seco, menos taninoso, vulgo “escorrega bem” temos várias opções baratas nos supermercados e mercearias. Surgem em todas as regiões Douro, Alentejo, Sado, etc., muitos deles aparecem nas grandes superfícies com descontos de 50 a 70% parecendo uma boa compra…  É um embuste. Acreditam que um vinho passa de 13€ para 4€ só pelos vossos lindos olhos? Não. O vinho tem o valor “honesto” do preço mais baixo, depois a manobra ardilosa é efectuada para parecer que comprámos um vinho caro e bom por uma pechincha. É muito frequente e normalmente essas marcas são exclusivas para cada cadeia de supermercados/hipermercados. Outra solução para adquirir vinhos “redondinhos” e baratos é o bag-in-box. Bela caixa de cartão de 3 a 20 Litros com uma torneirinha, que conserva bem o líquido e não damos conta da quantidade que bebemos. Atenção a estes artigos num aspecto: a origem. Muitos indicam “Produto de Portugal” e têm tanto de português como o Pepe (jogador do FCP). Verifiquem se tem um selo indicando a denominação de origem (exemplo Vinho Regional Alentejano, Douro, Vinhos Verdes…), na ausência deste, o mais normal é dizer “Vinho da UE”, significando que é constituído por vinhos de várias origens (Espanha, Itália, Eslovénia, etc.…) e é acondicionado numa adega em Portugal. Estes vinhos normalmente são vinhos extremamente baratos na origem e bastante modificados até lote final. Qualidade e origem duvidosa. Nota: cerca de 99% dos vinhos que indicam “PIAS”, não são de Pias (vila alentejana), não são alentejanos e nem sequer portugueses. Como é possível?  É Portugal ninguém leva a mal.  Os “graneleiros” (artistas misturam vinhos a granel de origem duvidosa) refugiam-se na palavra PIA que é sinónimo de LAGAR. PIA também é sinónimo de sanita. Artistas…

O meu grande conselho é que a vida é demasiado curta para perder com maus vinhos, e estes normalmente são os baratos. E perguntam vocês: E não há vinho bom e barato? Haver há, mas é menos frequente. Muitas das vezes são produzidos em regiões menos conhecidas e por pequenos produtores. Existem muitas garrafeiras em Lisboa que vos aconselham este tipo de vinhos sem problemas, basta dizer que o que querem. Beber menos e melhor também pode ser uma opção e não precisam gastar muito (entre 8 a 15€). E finalmente fica a sugestão, arrisquem, façam um desafio a vocês próprios, comprem de outras regiões, fora da zona de conforto, há excelentes vinhos tintos na Beira Interior, Dão e Bairrada. Maravilhosos brancos da zona costeira, como Lisboa e Bairrada. 

 

Bebam bons vinhos e nunca se esqueçam: o vinho é o momento. 

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PS: alguns sítios de Lisboa onde podem comprar bons vinhos e baratos e ainda recebem uma boa sugestão:

Garrafeira Napoleão – R. dos Fanqueiros 70

Garrafeira Imperial – R. do Alecrim 47

Garrafeira de Santos – R. de Santos-O-Velho 74

Garrafeira Nacional – R. de Santa Justa 18 

Supermercado do El Corte Inglés – Av. António Augusto de Aguiar 31

 

 

António Coelho