O prazer de pedalar
Saio de casa um bocado mais tarde que o habitual, literalmente deixei–me dormir e arranco só por volta das 9.
Ao preparar me para entrar na marginal ali na curvinha a seguir à BP passa um gajo full-on TT !!
Bike com lenticular atrás, alto perfil à frente, nos extensores, capacete aero, garrafas de água atrás do selim, rapadinho. . .e só digo pra mim exactamente estas palavras ‘ isto vai ser fodido . . . ‘ enquanto ele passa e olha pra mim.
Vinha a rolar bem e assim que eu entro mesmo na faixa de rodagem da N6 e começo a descer já ele vai quase a chegar à praia.
‘ isto tá a começar , táss bem , deixa-o ir’ mas sem vacilar, mantenho a minha pedalada e na subida de Sto. Amaro consigo recuperar um bocado da distância e fico prài a uns 5 metros dele (naquela parte onde há aquele estacionamento à direita).
Mal se começa a descer um bocadinho o gajo não dá hipótese e começa logo a ganhar distância, mas assim. . . a bazar de mim. . . tenho mesmo que apertar, senão é que nunca mais o apanho. . .
O gajo ia definitivamente a dar-lhe e eu não tive outro remédio senão dar lhe também, já se calhar com uns bons 20 ou mais metros de distância entre nós.
Passamos a praia de Paço d’Arcos, a praia dos pescadores, e ali antes do ISN estava uma carrinha da polícia municipal a ir mais devagar, com a escolta de 2 carros, um deles da polícia.
O gajo passa-os como se nada fosse, e eu não tenho outra hipótese que não fazer o mesmo. (esta cena filmada de qualquer um destes carros tinha sido fixe. . . VUM, VUM, lá iam 2 gajos de bike)
Estamos a chegar a Caxias, já já ali um trânsito nos semáforos (mas sempre a andar), e há ali um abrandamentozinho da parte dele e ganho uns metrinhos.
Entramos na curva do alto da boa viagem e como é do conhecimento de quem lê estes relatos, . . this is it !!! Andar no plano andam todos, nas subidas é que se vê. . .
Estão mais 2 gajos a subir, um a meio, o outro mais acima, depois o gajo do TT e depois eu !
Ele começa a subir, ainda com os braços nos extensores, ouço o meter mudanças (e não é só uma. . .) eu levanto–me, and here i go !!!
Há umas semanas ficou me um gostinho amargo ao ter sido ultrapassado aí, mas hoje o sabor foi bem diferente!!!
Passei o gajo do TT, o outro que ia à frente, e antes de chegar lá cima ainda passei o outro gajo!! FDS!!
já no flat, olho pelo meu espelhinho com o coração em altas, vejo o ciclista que tinha acabado de passar, mas nem sinal do gajo do TT , esse é que me interessava, os outros…
Continuo, chego ao semáforo, olho de novo, e pelo menos até à curva ainda não tinha chegado. . .
Começo a descer, e sem ter a certeza de como estão os lá em baixo, tenho que anhar um bocado até passar ali umas árvores que permitem ver se está verde ou não. Fds, tá vermelho !!! Tenho q abrandar, não há muitos carros, mas n dá pra arriscar, nisto muda pra verde, lindo, siga , toca a dar-lhe outra vez !!!
Passo o Jamor, entro na reta de Algés, e pronto como nisto das fixas nunca dá para parar de pedalar, não páro e mantenho um ritmo fixe. A respiração já estava um bocado mais sobre controlo, e deu pra vir sempre ali a rondar os 40km/h que tendo em conta o vento que estava, era mesmo o máximo que conseguia.
Sempre de olho no espelho e algo me dizia que este gajo não tinha ficado no Jamor . . . .e dito e feito, uma das vezes que olho e lá vem ele !!! Lá bem atrás, mas vem . . e se eu não tinha dúvidas que este gajo pedalava bem, uma bike destas ajuda de certeza !! Boas pernas e boa bike, you cant beat that !!
Mas as minhas pernas ainda estavam fixes e a minha bike também, por isso ‘ vais ter que continuar a dar-lhe pra me passar’. . . .
. . .o que acabou por acontecer já depois da estação de Algés, ali na reta antes de chegarmos a Pedrouços. . . .e não foi aquela ultrapassem a mais 1 ou 2 km/h, foi mesmo como deve ser, a fazer me comer um pozinho de alcatrão. . . .
Mas o finish, é no finish line, por isso deixa lá ver , ‘eu sei onde é a minha linha da meta, onde é que é a tua ??’
Next stop ! Belém !! Siga !
O gajo à frente, e eu a uns 10 metros, ele não estava a ganhar terreno. . .seguimos os dois, pouco trânsito, de volta o coração em altas, mas as pernas ainda fixes, é um feeling do caralho, só vos digo !!!
Vejo que ele de vez em quando olha para trás e isso da me uma pica do caraças isto ainda não acabou !!!
Mas a verdade é que eu estava a pedalar no meu limite, se calhar até conseguia dar um sprint para o apanhar, mas depois manter me atrás dele ao mesmo ritmo. . . .não sei. . . e se ele tb vai até ao Parque das Nações ??? aí é que esquece, se queimo o que tenho num sprint, já fui.. ..
Continuei na minha, passamos Belém, mais metro menos metro, continuo atrás dele(numa perseguição brutal, pelo menos pra mim:-) e eu não fazia tensão de o deixar ir , é como diz a música de tragedy, ‘you never give up, you never give in ‘ é até um de nós ‘quebrar’ !! e eis que ao nos aproximarmos dos semáforos do Egas Moniz. . . o gajo encosta à esquerda, abranda e pára atrás de um carro !!! e eu assim do nada, passo, e nem tempo deu pra um thumbs up. . .
Agora a pergunta dos 50.000 euros !!!
A-ele mora ali perto e estava a chegar a casa.
B-não estava a aguentar o ritmo e abandonou a ‘corrida’.
C-era o ponto de retorno e ia dar a volta.
D-o bitáite de quem está a ler 🙂
Dali até ao Parque das Nações, não se passou absolutamente mais nada, a não ser ter encontrado o meu amigo Ernesto a rolar devagarinho com a roda da frente furada e que se dirigia para a minha loja para a primeira do que seriam umas dezenas de reparações que fiz hoje !
Vou dormir !
Vão também !
Ride on, ride hard, fixed geeeeaaar !!